segunda-feira, 26 de setembro de 2011

trinta minutos depois das oito.

E lá vai ela pela rua às 8h30m da manhã,a andar ao ritmo salutar das pessoas citadinas e da sua vida corriqueira. Nem sequer imaginam que vai no sentido contrário... engana bem, é verdade. Convenceria, até um olhar atento, que faz parte do quadro matinal. Ele corre no mesmo sentido, mas não exactamente na mesma direcção. Apesar de tudo, movimentam-se numa quase sincronia.
Fecha as janelas para escurecer o quarto e antes de fechar os olhos não resiste a ouvir um pouco da sua voz:
- Sinto-me uma puta do sistema. - diz ele.
Ela sorri, e sente-se feliz por o seu sentido de humor odioso lhe cair tão bem quase em todos os horários. Tenho quase a certeza que foi muito por isso que me apaixonei - pensou. Ele lá continua, a amaldioçar os transportes, a dor no estômago, a falta de tacto, o excessso de burocracia e as velhas que não o deixam pregar olho nem um minuto. Ela sorri, mais uma vez, tudo lhe soa a poesia.
Até amanhã, meu amor.

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