Histórias e Filmarias

A liberdade é ter escolha. 14|9|2011

Ela pensou que este seria o melhor ano da sua vida. Nunca tivera antes tanta liberdade de escolha!
A adolescência já se sabe como é: fazer a escola, fazer amigos, ir a festas, ficar muito deprimida, fechar-se no quarto, ter bandas preferidas… aprender o essencial para a vida.
Depois vem a faculdade e a ilusória sensação de que já se é adulto. Afinal já nem se vive em casa dos pais, faz-se quase tudo o que dá na gana e consequentemente… lá se acaba por sofrer as consequências disso. Durante esse tempo olha-se para o mundo, a pouco e pouco, de uma forma cada vez mais desperta. "Quem é que eu sou afinal? Quem vou ser?" Sempre as mesmas perguntas. Passo a passo lá se acerta em algumas coisas e também se tornam erradas tantas outras que se achavam certas. Sempre o mesmo processo. Acaba-se os estudos e começa-se a viver a vida de quem se sustenta. Ser adulto finalmente. Enfim… Mais uma vez se descobre que isso de ser adulto não quer dizer nada.
Trabalhou durante um tempo e agora decidiu que não é isso que quer para a vida. "Felizmente!"- pensa ela. Agora é livre para perceber que nem tudo é assim tão difícil como pintam. Pode "parar" durante algum tempo para pensar e fazer aquilo que gosta, ou que acha gosta. Experimentar. Ver no que dá. Uma benesse que não dura para sempre, como é óbvio. O peso da realidade acaba por se reflectir nas contas, nas burocracias, em tudo o que lhe é de responsabilidade. Mas, agora tem o seu tempo. E ao aperceber-se disso é feliz por ter essa quase liberdade.


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Rubrica {E-há-lá-melhor-coisinha} #1 22|3|2011

Rubrica "E há lá melhor coisinha" de hoje:


"que serem 3 da manhã e a janela do meu quarto estar aberta de par em par deixando entrar uma frescura inebriante da noite?"

Não há meus filhos, não há.











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O que quero ser 23|1|2011

Eu quero ser ninguém, sem cargo nem bens.
Não ter posição que justifique a minha pessoa, não ter dinheiro que diga quanto valho.
Viver a consciência de quem sou pelo o que penso, pelo o que escolho.



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Hanging 4|12|2010




É assim que acontece: a Íris decide pendurar toda a sua roupa, então compra uma enorme quantidade de cabides. Às cores só porque gosta.
Um dia muda de quarto e de armário, e infelizmente (ou não) aqueles cabides são incompatíveis com o novo armário. Bem, a certa altura lembra-se de fazer o que aqui se vê... e gosta muito. :)



Acho que o novo candeeiro a instalar no novo quarto vai ficar para outra altura...



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porque foi assassinada a senhora da bilheteira 4|12|2010

A sra. da bilheteira era muito simpática. Recebia todos os espectadores sempre com um sorriso. Assim era, mesmo quando lhes dizia que já era demasiado tarde para ver o espectáculo. "Já passam 3 minutos..." - dizia ela sempre com um sorriso.

A minha pergunta é: porque foi assassinada a senhora da bilheteira?




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Insólitos... não é só na yorn! 29|11|2010

Há certa de dez minutos atrás (já a contar com o tempo de redigir este insólito momento) no início da Rua de Cedofeita, quem vem da praça dos leões com asas...

- Olhe desculpe... sabe como é que chego à rotunda da boavista?
- Por acaso a minha casa fica a caminho se quiser vem comigo que eu explico-lhe...
- Ah! Óptimo, então posso apanhar uma boleia?
- Sim, claro.
(...)
- Então e que fazes aqui pelo Porto?
- Eu agora estou por cá um mês parado, porque sou um bocado imigrantezinho.
- Imigrante onde?
- Estive na Suiça e agora vou para a Alemanha...
- Ah! Que fixe! E trabalhas em quê?
- Eu mato ratos.
(Ao que a Íris se parte a rir!)

- Matar ratos é um trabalho como outro qualquer...
- Sim, desculpa... é que a maneira como tu disseste isso foi mesmo engraçado!
Ahhh... muito bom!
- Aquilo que eu faço melhor é mesmo matar ratos...
- (ainda a rir-se que nem uma tolinha) Muito bom! Isso agora foi mesmo insólito!
Bem, eu fico por aqui...
- Obrigada pela boleia!
- De nada! E boa sorte com a matança dos ratos! x)



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Uma Biografia 23|11|2010

Uma biografia motivada por uma rede social... que acabou por se tornar num exercício muito divertido. :)

Nasceu em Aveiro a 15 de Outubro de 1986.
Nevou nesse Inverno tinha ela dois meses. A mãe brasileira nordestina, teve uma grande alegria ao poder mostrar à pequenina os farrapos brancos a caírem do céu.

É a primeira filha da mãe e a segunda filha do pai, tendo no entanto mais três irmãos cheios de atributos e qualidades: a Sandra, o Jorge e o João Guilherme.
Viveu toda a sua infância no campo, onde morou com a sua família, perto da natureza, com muito espaço e tempo para imaginar inúmeras histórias e aventuras.

A adolescência foi marcada, em grande parte, pelos anos passados na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, onde participou pela primeira vez no projecto Escolíadas, em 2004. Esta participação foi decisiva e avassaladora... Desde aí que percebeu que o teatro e arte eram aquilo que deixavam mais feliz. Ainda estudou textos para os pré-requesitos da ESMAE com a melhor amiga, mas a vida trocou-lhe as voltas... Acabou por passar a tudo nesse ano, ao contrário do que estava a contar. Apesar de ter andado tão de cabeça no ar sempre a pensar em Escolíadas e de ter alemão para "trás" desde do 10º ano...

Assim, não foi para Teatro no Porto. Foi antes para Animação Sociocultural na Guarda. Foi uma surpresa e na verdade acertou em cheio. Gostou, identificou-se muito com o curso e aprendeu bastante. Apesar de ter percebido que o trabalho social não é o que lhe dá mais prazer, descobriu um gosto fantástico pelo património e desenvolvimento local, e até chegou a pensar que seria esse o seu caminho.

Acabou a licenciatura em 2008 e foi estagiar para a Covilhã durante um ano, na Associação de Desenvolvimento Local - Beira Serra, vivendo ao mesmo tempo em Castelo Branco. Um dois em um.

Em Setembro de 2009 arranjou trabalho em Aveiro. Voltou ao ninho, agora com outro tipo de trabalho: dar aulas de área de expressões. As artes voltam à sua vida... e torna-se fácil de perceber que apesar de ser bom estar com a família, é esta
oportunidade que a faz sentir mesmo em casa.

Durante este ano procura tudo o que tinha estado até ali latente, e por isso, frequenta várias oficinas de teatro, escrita criativa, dança... É um ano de mudança.

Chega mesmo a ir morar para Aveiro com uma grande amiga, deixando a casa de família, acabando por morar sozinha durante dois meses. Após deixar "o castelo", algo acontece e percebe que tem de sair dali… Para crescer, ver e fazer mais noutro lado.

O Porto, representando um sonho antigo, aparece como a melhor opção, uma vez que até pela proximidade seria possível manter os laços e o trabalho em Aveiro.

Durante o Verão de 2010 chegou a trabalhar na Pensão Favorita, no Porto, para tornar mais fácil a mudança para a nova cidade. Valeu-lhe aqui a experiência de anos a trabalhar em bares de praia no Verão - desde os 15 anos que sempre trabalhou nas férias para ganhar uns trocos seus. No entanto, quando é de novo aceite em Aveiro, deixa o trabalho na pensão para se dedicar apenas à nova rotina.

Em Outubro inicia o Curso Livre de Teatro na ESMAE, e confessa que estar entre aquelas paredes fá-la sentir um pouco adolescente. Está actualmente no Porto, a coleccionar vivências, mas já entendeu que a forte vontade de criar algo belo e verdadeiro é o que a traz até aqui.

Quem sabe onde é que isso a levará…




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Acerca de quando as circunstâncias espacio-temporais me favorecem. 18|11|2010




Neste preciso segundo. Antes que passe este minuto em que estamos... agora.
Sente... na pele, no conforto do coração que pulsa com a sua própria cadência, na dança que os teus músculos desenham no teu simples acto de respirar. Vive agora. E respira para te aperceberes... que... ora aqui está um belo momento. Podia congelá-lo para aqui voltar mais vezes.

Sozinha à janela, na casa sozinha e sozinha na paisagem, a saborear o transformar da tarde em noite. É bom sentir o frio na cara, a gelar levemente as feições... a conceder o meu desejo. Ali, envolvida na manta, no gorro e no cachecol. Aconchegada no desmazelo, ouvindo os sons do mundo ao longe. A observar em câmara lenta os movimentos do quotidiano apressado. Cheio de peso e obrigações, bem longe do meu tempo e do meu espaço. Tão longe do meu momento.



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bored. 14|11|2010





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Volto para casa. 12|11|2010

Volto para casa.
À sexta-feira à noite não há a puta de um sítio para escrever na rua.
Os sítios bons estão cheios de gente.
Não que o problema sejam as pessoas.
A multidão é desejável.
O problema é que não há mesa.
Os sítios vazios são maus.
A música está alta... e como estão vazios há demasiada atenção na miúda esquisita que se senta sozinha - numa sexta à noite - para escrever.



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Sobre querer comprar caneta e papel a pessoas na rua 12|11|2010

Já é a segunda vez que o faço. A primeira foi porque tinha tido uma série de momentos fantásticos sobre os quais queria escrever. Hoje é porque estou perturbada.

Há uma série de coisas na minha vida que não estão nada bem. E o pior é que, mesmo sabendo disso, tento apanhar atalhos e mudar de raciocínio... voltando sempre ao mesmo.
Sou um mecanismo de auto-destruição imparável.
Sou traiçoeira comigo mesma. Mas volto sempre ao mesmo. Como num labirinto. Como um ratinho de laboratório numa roldana... correndo... correndo... correndo para chegar a lado nenhum.

Ver uma peça é como abrir uma janela. Não é sempre, mas acontece com frequência.
Pelo menos com as boas. Tenho sorte... parece que vejo muito boas peças.

O mal é querer sair ilesa. Ninguém sai ileso. Isso é um mito.

Antes quando estava assim procurava pessoas. Agora não. Hoje não.
Já lhes conheço a conversa e no fundo só preciso de um espelho para reflectir as minhas tormentas. Ninguém as entende, é normal. E até levava a mal se entendessem.
Seria demasiado aborrecido... descobrir que afinal tudo aquilo que sentes é algo banal. De todos, da multidão.
Tu não queres que seja de todos.
Queres que seja teu.
Para lhe poder dar algum sentido... uma utilidade.



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Sopro de Mudança 5|7|2010


Às vezes isto acontece-me.
Chega um dia, um como tantos outros, e acontece algo dentro de mim que muda tudo. Um gesto, uma palavra, um lugar… como um raio de luz. A vontade de mudança apodera-se de mim e tenho que partir.
Primeiro é uma ideia que se torna clara, mas ainda em estágio. Algo que se fala com os amigos, nas calmas… Depois é uma imposição, uma necessidade. Chega-se a um ponto que não há volta. Tens mesmo de o fazer. Nem que seja para perder.
A consciência clara de que é o momento, de que essa vontade de saltar é o melhor que te podia ter acontecido. Saltar cada vez mais alto.
O risco? O medo? Fazem parte... A possibilidade de falhar é o catalisador que nos diz que a dor é necessária e banha a mais plena das vitórias.



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Hoje pela primeira vez fui à caixa do correio. 6|5|2010

Rodei a chave e quase fui soterrada por publicidade.
Comecei a tirar a panóplia de papéis de dentro da caixa... nunca mais acabavam, parecia que não tinha fundo.
Aproveitou-se da filtragem umas oito cartas a sério, e um folheto da telepizza.
É sempre bom ter um plano b.
Das oito apenas uma tinha