sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Possuído frenesi

Carregam-se embalados pela dança.
Resignado ao fardo, o corpo.

Ébrios de escarlate desejo,
desavindos da finitude.

Vão efémeros os tolos.

Cambaleando se elevam
desajeitados objectos da luxúria.

Progridem pesadamente os passos
sobre o chão inconsentido.

Cerram os dentes para sentir,
para pular a dor e o queixume do sôfrego cadáver.

Tranbordam a humanidade como excrementos.
Querem ser santos?
De que serve a ascensão quando já não há vislumbre?
É só esse lugar casto.

Ao avesso se remetem.
Afirmam-se pelo contraste.

Sentem o leve toque da viçosa imperfeição.
Clamam e esticam-se para chegar lá.

O olhar fixa-se louco.
O corpo enrola-se e verga-se na pressa de chegar.

Moram a impaciência e tremem as vaidades.

Masturbam-se da eterna busca,
para que só a morte finde o frenético exercício.

1 comentário:

Bruno Nacarato disse...

É impressão minha ou falas aqui da igreja?