A manhã estava calma.
Surpreendentemente, naquele dia, os finos vidros das janelas pareciam ser suficientes para impedir a realidade da grande metrópole de entrar pela casa adentro.
Apesar de tudo não conseguia dormir.
Aquela carta...
Olhava fixamente para os objectos e eles pareciam mover-se num ritmo silencioso e subtil.
O som do seu respirar parecia ensurdecedor.
Todos os gestos insuportáveis, ansiosos.
A calma não chegava e a paz também não.
Aqui, desesperada por não conseguir dormir, apercebi-me de como era ridícula.
Patética. Pequena.
Como era pequeno o meu mundo...
Acabei por dizer para mim mesma:
- Clara, precisas de um pouco de perspectiva. Este quarto, este prédio, esta cidade são apenas uma pequena partícula do vasto universo. E tu... tu és apenas humana. Uma carta é apenas um papel.
Sacudi os cobertores, levantei-me num pulo.
Abri todas as janelas de par em par.
Deixei entrar o ar da manhã. Puro e real.
Agarrei no papel em branco. Subi para cima do móvel mais alto e esperei.
Tudo fez sentido.
1 comentário:
já tinha lido ambos, sabes bem q gostei (:
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