- Bom dia.
- Bom dia, em que posso ajudar?
- Um cadernos dos pretos e uma caneta daquelas.
- Muito bem. Ora aqui está.
- Quanto é?
- Dois euros, por favor.
- Aqui tem. Bem haja.
- Muito Obrigado.
Fui para casa a tentar não pisar nas fendas do passeio. Sentia a alegria de uma criança de seis anos. Quando me sentei à mesa olhei para a folha imaculada. Um caderno em branco. Uma caneta por estrear. Pensei em tudo o que podia dizer. Quem iria ser naquela folha de papel?
Finalmente percebi o que tinha de fazer. Tinha que faze-lo. Era perfeito, genial, brilhante.
(Depois de a ter deixado na caixa do correio ainda pensou que era uma estupidez.)
Esperou. Esperou e nada aconteceu.
Num segundo ela abriu as janelas, as cortinas. Tudo. Agarrou na folha de papel e subiu para cima da estante.
Olhou-o nos olhos como se soubesse de tudo desde o início e ali ficou.
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